Dia após dia, a pandemia vem mudando o mundo. O que pensar do que acontece depois?
Aqui, o filósofo Franco Berardi registra reflexões, notícias, conversas e projeções num diário, buscando imaginar uma sociedade mais justa e solidária depois do colapso.
Atualíssimo, sendo publicado no calor do momento, o livro aborda o colapso da ordem social desencadeado pelos efeitos do Covid-19. De acordo com Berardi, a pandemia de 2020 reativou a imaginação do futuro, com novas possibilidades e novas formas, não centralizadas, de nos relacionarmos e agirmos politicamente.
Extremo – Crônicas da psicodeflação
Franco "Bifo" Berardi
tradução – Regina Silva
brochura, 192 pp.
preço de capa: R$ 54,90
Trechos selecionados
"O organismo superexcitado da humanidade, após décadas de aceleração e frenesi, após alguns meses de convulsões gritantes sem perspectiva, fechado em um túnel cheio de raiva, gritos e fumaça, é finalmente atingido pelo colapso."
“A recessão econômica que está em preparação poderá nos matar, poderá provocar conflitos violentos, poderá desencadear epidemias de racismo e guerra. É bom saber disso. Não estamos culturalmente preparados para pensar na estagnação como uma condição de longo prazo, não estamos preparados para pensar a frugalidade, a partilha. Não estamos preparados para dissociar o prazer do consumo.”
“Se fizéssemos uma lista das coisas que mais perdemos nesta quarentena – um exercício útil, apenas para perceber a pouca importância que um certo consumismo teve em nossas vidas –, as relações humanas certamente estariam no topo. Sentimos falta de amigos. Mas realmente de todo mundo? […] Menos amigos e mais amizade.”
“Somente a solidariedade afetiva tornará possível (eu disse isso a mim mesmo por muito tempo) uma onda incontrolável de expropriação e vida autônoma.”
Sobre Franco Berardi
Graduado em estética pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Bolonha. Militante desde a adolescência, Berardi passou pela Juventude Comunista, foi uma figura de destaque no Potere Operaio [poder operário] durante o Maio de 1968, e atuou no movimento anarcossindicalista italiano nos anos 1970. Fundou a revista A/traverso (1975–81) e fez parte da equipe da rádio Alice, a primeira rádio livre da Itália (1976–78). Junto com Antonio Negri e outros intelectuais envolvidos no Movimento Autonomista italiano, exilou-se em Paris. Lá, trabalhou com Félix Guattari no campo da esquizoanálise e frequentou os seminários de Michel Foucault. Nos anos 1980, contribuiu com revistas como Semiotext(e) (Nova York), Chimères (Paris), Metropoli (Roma), Musica 80 (Milão) e Archipiélago (Barcelona). Em 1992, ajudou a fundar a revista DeriveApprodi e, em 1997, a editora homônima, com um catálogo em torno de temas políticos. Foi professor de Teoria da Mídia na Accademia di Belle Arti, em Milão, no Programa d’Estudis Independents, em Barcelona, e no Institute for Doctoral Studies in Visual Arts.
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