Uma nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, realizada entre os dias 31 de maio e 4 de junho de 2025 com 1.522 eleitores do Distrito Federal, lança luz sobre um cenário eleitoral indefinido e revela um dado incômodo para o atual governador Ibaneis Rocha (MDB): apesar de manter uma aliada como favorita, o grupo governista enfrenta erosão de apoio, fragmentação de base e alto nível de rejeição popular.
No principal cenário estimulado para o Governo do DF, a vice-governadora Celina Leão (PP) aparece na frente com 31,1% das intenções de voto. Embora seja um índice relevante, está longe de indicar uma vitória consolidada. Mais de 68,9% do eleitorado prefere outro nome ou ainda está indeciso, branco ou nulo — um número que revela a fragilidade da vice em transformar sua posição no governo em liderança majoritária.
Celina lidera, mas não empolga. Mesmo com a máquina pública, a exposição constante e o respaldo do governador, ela permanece distante de um patamar de segurança eleitoral. Piora o cenário o fato de que sua votação é praticamente estática nos três cenários testados, crescendo apenas onde a concorrência é mais frágil.
Quem mais se beneficia desse vácuo de liderança é o deputado federal Fred Linhares (Republicanos), que chega a 26% no segundo cenário e 21,5% no primeiro — resultado expressivo. Fred tem captado votos do campo bolsonarista órfão de um nome claro e já se apresenta como alternativa viável a Celina dentro do campo conservador.
Outro nome que ressurge com força é o ex-governador José Roberto Arruda (PL), que alcança 15,3% mesmo com incertezas jurídicas. Arruda não só tem recall como ocupa um espaço político que Ibaneis tenta ocupar: o da liderança com base popular. Seu desempenho sinaliza que parte do eleitorado conservador busca um nome forte — e não alguém ligado a um governo de imagem apagada.
A base bolsonarista, que teve papel decisivo nas eleições de 2018 e 2022, ainda não tem um nome definido no DF. Celina tenta se apropriar desse eleitorado, mas enfrenta resistência. Arruda, Fred e até Izalci Lucas disputam essa mesma fatia do voto. A fragmentação favorece a pulverização, o que enfraquece todos.
No campo da esquerda, Leandro Grass (PV) pontua mal, com menos de 10%, mesmo com expectativa de apoio do presidente Lula. O ex-secretário Ricardo Cappelli (PSB) também aparece com desempenho tímido e pode estar mais focado em eventual candidatura ao Senado ou vice.
Outro ponto preocupante para o grupo no poder é a avaliação da gestão Ibaneis. Mesmo com 59% de aprovação, o índice caiu em relação à pesquisa anterior (era 62% em março) e há um crescimento da reprovação: 20,4% dos eleitores consideram o governo “péssimo”, o pior índice desde o início do segundo mandato.
Ibaneis planeja deixar o governo em abril de 2026 para disputar o Senado, mas sua liderança enfraquecida pode comprometer a própria candidatura. Além disso, ele ainda não tem controle total sobre a base. Celina tenta se descolar, Fred cresce como dissidente, e o PL, materá o foco em Michelle Bolsonaro para o Senado.
O que a pesquisa revela é que Ibaneis e Celina não controlam o cenário político do DF. A base está rachada, o bolsonarismo não tem comando e a esquerda ainda não acordou. O campo está aberto para quem souber ocupar o centro do eleitorado e construir um discurso de mudança com credibilidade.
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