O mundo dos negócios e a política estão profundamente conectados, moldando conjuntamente o ambiente econômico e social. Muitas das decisões que impactam o setor produtivo decorrem de políticas governamentais, regulações e incentivos fiscais. No entanto, o desconhecimento sobre o funcionamento das relações governamentais pode representar um obstáculo para empresários e líderes. Como destacado por Audren Marlei Azolin em Do Lobby às Relações Governamentais: A Profissionalização da Representação de Interesse no Brasil, a interação estratégica entre os setores privado e público é fundamental para garantir representatividade e previsibilidade no mercado.
O lobby, quando conduzido de maneira ética e transparente, constitui um dos principais mecanismos de interlocução entre os agentes econômicos e o Poder Público. Como aponta Azolin, essa prática, historicamente mal compreendida no Brasil, tem ganhado maior profissionalização e regulamentação, possibilitando um diálogo mais estruturado e institucionalizado. Empresas, associações e entidades representativas atuam para garantir que suas demandas sejam consideradas no processo decisório, contribuindo para um ambiente regulatório mais estável e favorável ao desenvolvimento econômico.
Existem diversos casos que exemplificam a influência do lobby nas decisões políticas e na formulação de políticas públicas. Um dos exemplos mais notáveis no Brasil é o lobby da indústria de tecnologia na aprovação do Marco Civil da Internet em 2014. Esse conjunto de normas estabeleceu princípios e direitos para o uso da internet no país, garantindo a neutralidade da rede e protegendo a privacidade dos usuários. Empresas do setor e entidades civis desempenharam um papel fundamental nas discussões, assegurando que a regulação fosse equilibrada e incentivasse a inovação.
Outro caso emblemático foi a aprovação da Lei da Liberdade Econômica, sancionada em 2019. Essa legislação reduziu a burocracia para negócios, facilitou a abertura de empresas e trouxe maior segurança jurídica para empreendedores. O setor empresarial, representado por federações e associações comerciais, trabalhou ativamente na formulação da lei, apresentando dados e argumentos para convencer parlamentares da necessidade de flexibilização regulatória.
Além disso, a regulamentação do agronegócio tem sido historicamente influenciada por grupos de interesse que atuam no Congresso Nacional. O setor agrícola exerce forte influência na formulação de políticas de incentivos fiscais, subsídios e na flexibilização de normas ambientais. Essas ações garantem competitividade para o setor, mas também geram debates sobre os impactos ambientais e sociais dessas políticas.
A negligência em relação ao papel da política nos negócios pode comprometer significativamente a competitividade de uma empresa. A tributação, as regulamentações ambientais, as leis trabalhistas e os incentivos à inovação são determinados nos bastidores do poder. Portanto, é essencial compreender e participar dessas discussões para garantir a previsibilidade e o crescimento de qualquer empreendimento.
Nesta coluna, continuaremos explorando como empresários e líderes podem atuar de maneira ética e estratégica no setor público, fortalecendo a sinergia entre negócios e política. Como destaca Azolin, a profissionalização das relações governamentais no Brasil abre novas possibilidades para um diálogo mais eficiente e transparente. No jogo da influência e do impacto, quem compreende as regras, tem maiores chances de construir um futuro sustentável e competitivo.
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